1º Prêmio Adriana Adam de Design destaca projetos promissores do setor
17/3/2022
Primeira edição do Prêmio Adriana Adam de Design premiou três projetos do setor de design e arquitetura, selecionados por seis especialistas de renome
O 1º Prêmio Adriana Adam de Design anunciou nesta quarta (16) os três projetos vencedores, entre mais de 400 inscritos. O primeiro lugar ficou com o Espelho Guilhotine, criado pelo designer gaúcho Ricardo Lanfredi Peruzzolo. O segundo colocado foi a Luminária Auris, da mineira Manoela de Assumpção Gazze e das paulistanas Victória Munhoz e Verônica Ribeiro, estudantes de design da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. E o terceiro lugar coube à Mesa Anita, desenvolvida pelo designer Welison Barbosa dos Santos, de Curitiba, Paraná.
Cada um dos finalistas será contemplado com a execução de um protótipo de seu projeto, que será produzido por uma das três empresas nacionais selecionadas como as grandes parceiras desta primeira edição: by Kamy, Itens Collections e Odara, para exibição promocional em mostras dentro e fora do país; valores em dinheiro, sendo: 1º colocado – US$ 5.000 (cinco mil dólares), 2º colocado – US$ 2.500 (dois mil e quinhentos dólares) e 3º colocado – US$ 1.500 (mil e quinhentos dólares) e, ainda, uma viagem para Milão, Itália, para acompanhar a exposição coletiva das propostas vencedoras prevista para acontecer durante a 61ª edição do Salone del Mobile, em 2022, em formato e data a confirmar.
“Recebemos muitos projetos com soluções verdadeiramente inovadoras para os objetos presentes no nosso dia a dia. Os estudantes e recém-formados nos surpreenderam com ideias e propostas diferentes em móveis, luminárias, tapetes e acessórios”, resume Gaetano Pesce.
A organização do evento, curadoria e o criador do prêmio ainda decidiram estabelecer duas importantes menções honrosas, devido a alta qualidade dos projetos recebidos, que vão para: a Poltrona Emile, de autoria do gaúcho Fabrício Reguelin Auler, nascido na cidade de Soledade e aluno do curso de desenho industrial da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul. "A Emile é uma poltrona que traz como conceito o ‘abraço da taturana’, onde o usuário pode utilizar uma manta, inspirada nas variadas cores e texturas do animal, como um tipo de cachecol ou manto ao se sentar. Esta manta fica enrolada nas fendas circulares do encosto da poltrona, numa alusão às marcas similares a “mordidas” deixadas pelo animal ao se alimentar de uma folha”, explica o aluno.
Outra menção honrosa foi destinada ao Banco Tuiuiú, criado pelo curitibano Patrick Afornali, de 21 anos e aluno do curso de design da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba. “Meu projeto se inspira na figura do Tuiuiú, ave que é símbolo do nosso Pantanal e dona de extrema maestria na construção de seus ninhos, que podem chegar em até três metros de diâmetro”, conta Afornali.
Os vencedores
1º lugar - Espelho Guilhotine, do gaúcho Ricardo Lanfredi Peruzzolo:
Ricardo, que é estudante de arquitetura e Urbanismo, explica que o “Guillotine” é um espelho de piso, inspirado nos antigos aparelhos de decapitação mecânica, inventado por Joseph Ignace Gillotin em 1738, período da Revolução Francesa. “A ideia do espelho é uma espécie de culto ao corpo e como ele impacta negativamente na vida das pessoas. Unindo a função do objeto (a de ser um espelho e refletir a aparência e o corpo), com sua inspiração formal (um aparelho de morte, dor e sofrimento)”, explica o estudante. O futuro arquiteto ainda explica que, através de um objeto decorativo, faz um alerta sobre os perigos da obsessão pelo ‘corpo perfeito’, assunto de extrema relevância nos dias atuais e principalmente nas redes sociais. Feito em MDF, o espelho também pode ser desenvolvido em ferro ou madeira serrada e, ainda, ganhar acabamento em laca. A peça é dona de um design versátil e pode ser usada em diferentes ambientes, como quartos, closets, halls, salas de estar, banheiros entre outros. Também é possível seu uso em ambientes comerciais, decorando lojas ou showrooms. Para o arquiteto e designer Gaetano Pesce, o Guilhotine tem o mérito de evocar um dispositivo triste em contraposto a um elemento mágico: a guilhotina na versão espelho. “A guilhotina evoca sentimentos indesejáveis de violência. Mas, no caso, o objeto nos faz lembrar que até o espelho pode nos proporcionar memórias indesejadas. Além disso, este projeto não se configura com base em formas abstratas, mas por meio de uma imagem figurativa, de fácil compreensão para o observador. Expressa o futuro do design. Ou seja, por meio de objetos que se configurarão por meio de formas claramente reconhecíveis. Por tudo isso, escolho este projeto como vencedor deste concurso dedicado a reverenciar a memória da inesquecível Adriana Adam”, explica Gaetano.
2º lugar: Luminária Auris, da mineira Manoela de Assumpção Gazze e das paulistanas Victória Munhoz e Verônica Ribeiro:
As estudantes de design da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, criaram a Luminária Auris, que teve como inspiração a forma e a cores veio dos troncos de árvores cobertos por urupês, popularmente conhecidos como orelhas de pau. Manoela explica qua a ideia do projeto foi a de levar ao ambiente doméstico urbano a leveza e o bem estar que a natureza. Cada dupla de pétalas contém um LED que, encaixados entre as pétalas, emite uma iluminação agradável e convidativa. “Usei pétalas em papel vergê, além de haste e canopla em alumínio. Ambos os materiais são recicláveis. Já as pastilhas de LED garantem boa iluminação, consomem pouca energia elétrica e, por emitirem baixos índices de energia térmica, podem ser enclausurados entre as pétalas com segurança”. Além de encantar aos jurados, o projeto também rendeu elogios do criador do prêmio, Gaetano Pesce. “A ideia me impressionou tanto pela inovação do material quanto pelo formato final. Me lembra muito as belas orquídeas da Amazônia. A modularidade dos elementos é outro ponto positivo, além de sua possível qualidade da luz produzida”, diz.
3º lugar: Mesa Anita, designer curtibano Welison Barbosa dos Santos:
Desenvolvida pelo designer Welison Barbosa dos Santos, de Curitiba, Paraná. A Mesa Anita é um símbolo de união e da força de três conceitos tão relevantes na vida moderna: design, arte e empoderamento feminino. É ainda uma homenagem ao centenário da Semana Brasileira de Arte Moderna, que será comemorada em fevereiro de 2022. “A mesa Anita e os outros móveis que contemplam a coleção, são inspirados em três expoentes máximos do movimento: Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Zina Aita. A coleção proposta é composta por mesa lateral, mancebo e poltrona. Todos os itens possuem uma estética artística e podem ser utilizados em conjunto ou, ainda, combinados na composição de ambientes domésticos ou corporativos” explica. Os móveis foram criados a partir de aplicações de tufting, técnica de tapeçaria aplicada às peças executadas por artistas e coletivos com colaboração com as designer que assinam a coleção. “Minha atenção a esta coleção se fixou na mesa baixa, no formato de um grupo de cogumelos. O aspecto figurativo deste projeto é muito interessante. As diferentes alturas e formas são uma reminiscência das silhuetas orgânicas da natureza. E, com toda certeza, os recursos técnicos que dispomos hoje possibilitarão a produção desse ‘broto’ de superfícies”, comenta Gaetano Pesce.
Os jurados
O corpo de jurados que tem como presidente de honra o arquiteto e designer Gaetano Pesce, um dos maiores nomes da cena internacional ainda em atuação, é formado por seis renomados e importantes profissionais da área no Brasil e no exterior. São eles, Glenn Adamson, curador, escritor e historiador radicado em Nova York, Estados Unidos. Acumula no currículo postos notáveis, como a direção do Museu de Artes e Design de Nova York e o cargo de Chefe de Pesquisa do Victoria & Albert Museum, de Londres. Silvana Annicchiarico, arquiteta, curadora de design independente, palestrante, crítica e pesquisadora. Desde 1998 é curadora da Coleção Permanente de Design Italiano da Triennale Milano e, de 2007 a 2018, foi Diretora do Triennale Design Museum de Milão. Christian Ullmann, formado em desenho industrial pela Universidade de Buenos Aires, Argentina, reside no Brasil desde 1996 e é coordenador de projetos do centro de inovação IED Brasil. Giancarlo Latorraca, arquiteto e doutorando em Design pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, FAU/USP, é Diretor Técnico do Museu da Casa Brasileira, MCB. Fernanda Sarmento, pesquisadora, curadora de exposições sobre design e também professora nos cursos de Arquitetura e de Design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, FAU/USP e, para completar o time, Marva Griffin, fundadora e curadora do SaloneSatellite, evento especial dentro do Salone Internazionale del Mobile de Milão.