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[Designers do Brasil]: "Design é uma tarefa total de empatia", diz Roberta Banqueri

Publicado em
21.5.2022

Confira a entrevista da série Designers do Brasil com Roberta Banqueri

Designer à frente da marca PontoEu, Roberta Banqueri iniciou a carreira aos 15 anos como designer de interiores e, posteriormente, adentrou na arquitetura. Com o passar dos anos, abraçou o ofício de designer de produtos, através do qual, atualmente, concebe peças de mobiliário de destaque a partir de ideias relacionadas à brasilidade. Confira entrevista exclusiva com a profissional para a série Designers do Brasil da EXPO REVESTIR.

Para a arquiteta e designer Roberta Banqueri, o seu ofício está associado de maneira intrínseca à empatia. Conceber ambientes e produtos para terceiros requer atenção às demandas do outro - às sutilezas de seus desejos e expectativas. É um exercício de comunicação e sensibilidade.

"Vejo que o design de tudo o que podemos ver e pegar tem que conversar com o ser humano. O design vem para de alguma forma suprir desejos e necessidades humanas. Entender para quem se destina e para o que se destina é uma tarefa total de empatia", contou a profissional, em entrevista à EXPO REVESTIR.

Para além da atuação em arquitetura e design de interiores, Roberta vem construindo uma trajetória de destaque na área de design de produtos à frente da marca PontoEu. Conforto, elegância, leveza e sofisticação demarcam os itens assinados pela designer, entre sofás, poltronas, chaises e carrinhos bares distintos.

Sua experiência prévia passou a impactar diretamente na sua atuação como designer de mobiliário. "Tenho um olhar que abrange diversos setores da criação em função de experiências vividas e acumuladas, desde analisar o conforto e ergonomia de uma peça até a parte de enxergar as proporções para poder ajustar um produto", detalhou Roberta, que preza pelo toque de brasilidade no que produz.

À EXPO REVESTIR, Roberta falou sobre a mudança de rota profissional e as diferentes nuances do ofício que abraçou como paixão primária, passando pela concepção inicial do produto até a escolha de materiais e sua execução. Abaixo, confira a conversa na íntegra.

EXPO REVESTIR: Sempre acompanhei o seu trabalho relacionado a arquitetura e design de interiores. De repente, você desponta como designer de mobiliário. Como foi essa transição? A arquitetura não está mais no seu radar?

ROBERTA BANQUERI: No início pensei em levar as duas coisas, entretanto vi que para fazer a parte de produto avançar precisava de muita dedicação, e fui pega pela paixão, pelo chão de fábrica e desenvolvimento de produto. Quis me dar oportunidade de fazer algo novo. Não foi fácil a transição, foi necessário fazer escolhas e renúncias, entretanto estou feliz por ver que podemos nos dar chances de mudanças de rotas quando há o desejo. Hoje a arquitetura como agente atuante está em fase de desaceleração e indo para uma pausa. Quero sentir o que é apenas trabalhar com o produto e ter a cabeça somente focada nisto.

EPRV: Quando você percebeu que o design de mobiliário te atraia mais que a arquitetura? Foi difícil recalcular a rota?

RB: Sim, não só difícil, como me trouxe muitas angústias e questionamentos. Afinal, fazer escolhas com renúncias nunca é fácil, principalmente quando você está numa zona de conforto e colheitas.

EPRV: O que move o seu pensamento quando desenha um objeto?

RB: Primeiro o entendimento do que quero fazer - isto já guia muitas coisas. Faço uma pesquisa geral para alinhar ideias. Pode ser qualquer coisa da temática e vou rascunhando, de repente há clareza em relação ao que eu quero fazer.

EPRV: Quais os conceitos imprescindíveis para a PontoEu, sua marca?

RB: A marca nasceu para me dar suporte num momento em que eu estava em dúvida de colocar o meu nome ou não, vejo que de uma forma muito real eu quero seguir o conceito de experimentação de estilos, formas, linguagens etc. e quero poder me permitir aprender e entregar a evolução dos anos e vivências como resultados nos produtos.

EPRV: Seus móveis são bem contemporâneos, mas percebo, em algumas peças, como o carrinho bar Régia, um beijo doce no modernismo brasileiro. Percepção certa ou equivocada?

RB: Certíssima, eu estou colocando em minhas criações um pouco de tudo que eu acredito e gosto, por isto um pouco de cada linguagem, como disse, quero me experimentar e não ter um caminho como verdade absoluta, sei que às vezes esperam que um criador tenha uma identidade forte para identificar suas criações, entretanto faz parte do meu amadurecimento me permitir criar e entender todas as minhas linguagens.

EPRV: Você gosta de transitar por aventuras que envolvem diferentes materiais. Qual o mais desafiador que achou de trabalhar até agora?

RB: Faz parte desta experimentação testar materiais, ainda faço de forma tímida, quero poder fazer mais isto com o tempo, ajudar no aprimoramento e inovação do setor, mas, sei que preciso aprender muito, a pedra sabão um produto que usamos de forma diferenciada, como em tampo de mesas laterais, tratar a superfície para ter resistência sem interferir na beleza natural da pedra, entender que é um produto menos duro e tem suas particularidades.

EPRV: O Arado Buffet vem com o puxador criado com a torção da própria madeira. Imagino o desafio de trazer uma dobra tão específica para esse material e o quão trabalhoso deve ter sido. Quanto tempo demorou para chegar na inclinação e dobradura que você considerou perfeitas?

RB: Na verdade, eu tive que rever o desenho para poder viabilizar. Após diversos estudos e tentativas para viabilizar o produto, verificamos que a torção era significativa e inviabilizava a execução, então revi desenho e refizemos as matrizes para a conformação da peça, até detectar que era necessário também alterar a matéria-prima para conseguir que houvesse conformação sem o retorno da peça e deformação após um tempo. Há produtos muito complexos, e o Arado, apesar da sua simplicidade, teve o seu desenvolvimento convertido em uma escola para toda a equipe.

EPRV: Até que ponto o seu repertório na arquitetura e design de interiores impactou nas suas criações como designer?

RB: Impacta em tudo. Sinto que toda a minha visão e conhecimento adquiridos ao longo dos anos foram uma preparação para o momento atual. Tenho um olhar que abrange diversos setores da criação em função de experiências vividas e acumuladas, desde analisar o conforto e ergonomia de uma peça até a parte de enxergar as proporções para poder ajustar um produto.

EPRV: Design é empatia?

RB: Sempre. Vejo que o design de tudo o que podemos ver e pegar tem que conversar com o ser humano. O design vem para de alguma forma suprir desejos e necessidades humanas, seja materiais ou imateriais. Entender para quem se destina e para o que se destina é uma tarefa total de empatia. O design é feito para ser usado ou admirado por alguém.

EPRV: De toda a sua observação em torno do mundo do design nacional e internacional, que tipo de desenho te chama a atenção e você faz questão de acompanhar? E por quê?

RB: Eu dou atenção a tudo na verdade, nem que seja para ver que não gosto e não faz sentido. Tenho as antenas abertas. Tudo relacionado a movimentos comportamentais me fascina, pois sempre me guia para querer entender para onde os anseios humanos irão nos conduzir. Mas amo a linguagem minimalista, modernista, assim como a provocação de alguns desenho contemporâneos que abusam da forma e não precisam ter compromisso com a função ou proporção humana.

EPRV: Buffets, carrinhos bares, sofás, poltronas, mesas de centro, chaise... O que falta você criar e que você tem muita vontade?

RB: Muitas coisas. Eu quero mesmo poder me permitir criar tudo, desde garfos a eletrodomésticos. Vou avançando conforme as oportunidades e aprendendo com elas.

EPRV: Tecidos, costuras e acabamentos. Criar um produto exige uma série de detalhes que não podem dar errado, com a pena máxima de perder e muito em qualidade. No que consiste o seu check-list?

RB: Qualidade geral do produto em apresentação, os detalhes de acabamento, conforto, durabilidade do que foi feito... É um conjunto de muitos itens. É necessário ter muita persistência para garantir que todos os processos tenham qualidade.

EPRV: Cite cinco elementos que você sugere que as pessoas observem quando se depararem com suas criações.

RB: Trabalho muito com assimetria e tento equilibrar forma com proporção. Sou detalhista nisto. A diversidade de linguagens dos produtos e a história do conceito de cada produto, o que ele referencia, assim, são coisas que nos auxiliam a entender o porquê de ele ter a forma que tem e/ou detalhes que têm.

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Forum Internacional de Arquitetura e Design

Evento Simultâneo

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Organização

Nurnberg Messe

Agência Oficial

Via HG Turismo

Transportadora Oficial

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Publicado em

21/5/2022

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Designer à frente da marca PontoEu, Roberta Banqueri iniciou a carreira aos 15 anos como designer de interiores e, posteriormente, adentrou na arquitetura. Com o passar dos anos, abraçou o ofício de designer de produtos, através do qual, atualmente, concebe peças de mobiliário de destaque a partir de ideias relacionadas à brasilidade. Confira entrevista exclusiva com a profissional para a série Designers do Brasil da EXPO REVESTIR.

Para a arquiteta e designer Roberta Banqueri, o seu ofício está associado de maneira intrínseca à empatia. Conceber ambientes e produtos para terceiros requer atenção às demandas do outro - às sutilezas de seus desejos e expectativas. É um exercício de comunicação e sensibilidade.

"Vejo que o design de tudo o que podemos ver e pegar tem que conversar com o ser humano. O design vem para de alguma forma suprir desejos e necessidades humanas. Entender para quem se destina e para o que se destina é uma tarefa total de empatia", contou a profissional, em entrevista à EXPO REVESTIR.

Para além da atuação em arquitetura e design de interiores, Roberta vem construindo uma trajetória de destaque na área de design de produtos à frente da marca PontoEu. Conforto, elegância, leveza e sofisticação demarcam os itens assinados pela designer, entre sofás, poltronas, chaises e carrinhos bares distintos.

Sua experiência prévia passou a impactar diretamente na sua atuação como designer de mobiliário. "Tenho um olhar que abrange diversos setores da criação em função de experiências vividas e acumuladas, desde analisar o conforto e ergonomia de uma peça até a parte de enxergar as proporções para poder ajustar um produto", detalhou Roberta, que preza pelo toque de brasilidade no que produz.

À EXPO REVESTIR, Roberta falou sobre a mudança de rota profissional e as diferentes nuances do ofício que abraçou como paixão primária, passando pela concepção inicial do produto até a escolha de materiais e sua execução. Abaixo, confira a conversa na íntegra.

EXPO REVESTIR: Sempre acompanhei o seu trabalho relacionado a arquitetura e design de interiores. De repente, você desponta como designer de mobiliário. Como foi essa transição? A arquitetura não está mais no seu radar?

ROBERTA BANQUERI: No início pensei em levar as duas coisas, entretanto vi que para fazer a parte de produto avançar precisava de muita dedicação, e fui pega pela paixão, pelo chão de fábrica e desenvolvimento de produto. Quis me dar oportunidade de fazer algo novo. Não foi fácil a transição, foi necessário fazer escolhas e renúncias, entretanto estou feliz por ver que podemos nos dar chances de mudanças de rotas quando há o desejo. Hoje a arquitetura como agente atuante está em fase de desaceleração e indo para uma pausa. Quero sentir o que é apenas trabalhar com o produto e ter a cabeça somente focada nisto.

EPRV: Quando você percebeu que o design de mobiliário te atraia mais que a arquitetura? Foi difícil recalcular a rota?

RB: Sim, não só difícil, como me trouxe muitas angústias e questionamentos. Afinal, fazer escolhas com renúncias nunca é fácil, principalmente quando você está numa zona de conforto e colheitas.

EPRV: O que move o seu pensamento quando desenha um objeto?

RB: Primeiro o entendimento do que quero fazer - isto já guia muitas coisas. Faço uma pesquisa geral para alinhar ideias. Pode ser qualquer coisa da temática e vou rascunhando, de repente há clareza em relação ao que eu quero fazer.

EPRV: Quais os conceitos imprescindíveis para a PontoEu, sua marca?

RB: A marca nasceu para me dar suporte num momento em que eu estava em dúvida de colocar o meu nome ou não, vejo que de uma forma muito real eu quero seguir o conceito de experimentação de estilos, formas, linguagens etc. e quero poder me permitir aprender e entregar a evolução dos anos e vivências como resultados nos produtos.

EPRV: Seus móveis são bem contemporâneos, mas percebo, em algumas peças, como o carrinho bar Régia, um beijo doce no modernismo brasileiro. Percepção certa ou equivocada?

RB: Certíssima, eu estou colocando em minhas criações um pouco de tudo que eu acredito e gosto, por isto um pouco de cada linguagem, como disse, quero me experimentar e não ter um caminho como verdade absoluta, sei que às vezes esperam que um criador tenha uma identidade forte para identificar suas criações, entretanto faz parte do meu amadurecimento me permitir criar e entender todas as minhas linguagens.

EPRV: Você gosta de transitar por aventuras que envolvem diferentes materiais. Qual o mais desafiador que achou de trabalhar até agora?

RB: Faz parte desta experimentação testar materiais, ainda faço de forma tímida, quero poder fazer mais isto com o tempo, ajudar no aprimoramento e inovação do setor, mas, sei que preciso aprender muito, a pedra sabão um produto que usamos de forma diferenciada, como em tampo de mesas laterais, tratar a superfície para ter resistência sem interferir na beleza natural da pedra, entender que é um produto menos duro e tem suas particularidades.

EPRV: O Arado Buffet vem com o puxador criado com a torção da própria madeira. Imagino o desafio de trazer uma dobra tão específica para esse material e o quão trabalhoso deve ter sido. Quanto tempo demorou para chegar na inclinação e dobradura que você considerou perfeitas?

RB: Na verdade, eu tive que rever o desenho para poder viabilizar. Após diversos estudos e tentativas para viabilizar o produto, verificamos que a torção era significativa e inviabilizava a execução, então revi desenho e refizemos as matrizes para a conformação da peça, até detectar que era necessário também alterar a matéria-prima para conseguir que houvesse conformação sem o retorno da peça e deformação após um tempo. Há produtos muito complexos, e o Arado, apesar da sua simplicidade, teve o seu desenvolvimento convertido em uma escola para toda a equipe.

EPRV: Até que ponto o seu repertório na arquitetura e design de interiores impactou nas suas criações como designer?

RB: Impacta em tudo. Sinto que toda a minha visão e conhecimento adquiridos ao longo dos anos foram uma preparação para o momento atual. Tenho um olhar que abrange diversos setores da criação em função de experiências vividas e acumuladas, desde analisar o conforto e ergonomia de uma peça até a parte de enxergar as proporções para poder ajustar um produto.

EPRV: Design é empatia?

RB: Sempre. Vejo que o design de tudo o que podemos ver e pegar tem que conversar com o ser humano. O design vem para de alguma forma suprir desejos e necessidades humanas, seja materiais ou imateriais. Entender para quem se destina e para o que se destina é uma tarefa total de empatia. O design é feito para ser usado ou admirado por alguém.

EPRV: De toda a sua observação em torno do mundo do design nacional e internacional, que tipo de desenho te chama a atenção e você faz questão de acompanhar? E por quê?

RB: Eu dou atenção a tudo na verdade, nem que seja para ver que não gosto e não faz sentido. Tenho as antenas abertas. Tudo relacionado a movimentos comportamentais me fascina, pois sempre me guia para querer entender para onde os anseios humanos irão nos conduzir. Mas amo a linguagem minimalista, modernista, assim como a provocação de alguns desenho contemporâneos que abusam da forma e não precisam ter compromisso com a função ou proporção humana.

EPRV: Buffets, carrinhos bares, sofás, poltronas, mesas de centro, chaise... O que falta você criar e que você tem muita vontade?

RB: Muitas coisas. Eu quero mesmo poder me permitir criar tudo, desde garfos a eletrodomésticos. Vou avançando conforme as oportunidades e aprendendo com elas.

EPRV: Tecidos, costuras e acabamentos. Criar um produto exige uma série de detalhes que não podem dar errado, com a pena máxima de perder e muito em qualidade. No que consiste o seu check-list?

RB: Qualidade geral do produto em apresentação, os detalhes de acabamento, conforto, durabilidade do que foi feito... É um conjunto de muitos itens. É necessário ter muita persistência para garantir que todos os processos tenham qualidade.

EPRV: Cite cinco elementos que você sugere que as pessoas observem quando se depararem com suas criações.

RB: Trabalho muito com assimetria e tento equilibrar forma com proporção. Sou detalhista nisto. A diversidade de linguagens dos produtos e a história do conceito de cada produto, o que ele referencia, assim, são coisas que nos auxiliam a entender o porquê de ele ter a forma que tem e/ou detalhes que têm.

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